Madrid, Santiago de Compostela e Múrcia foram os destinos das estudantes universitárias e a experiência não poderia ter corrido melhor.
Inês Tavares e Gabriela Baptista, estudantes do Mestrado Integrado de Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), tiveram como destino de Erasmus a capital espanhola. As jovens estiveram, entre fevereiro e junho de 2014, em Madrid, onde frequentaram a Facultad de Psicologia da Universidad Complutense de Madrid.
“Procurei casa antes da minha ida para Madrid, através da Internet. Como ia com uma amiga de curso, acabámos por ficar num quarto partilhado, cuja renda era bastante barata”, recordou Inês. “Perdemos bastante tempo a procurar casa, pois o nosso objetivo era gastar o mínimo de dinheiro possível no aluguer, garantindo na mesma, o conforto”, acrescentou Gabriela. Com as despesas incluídas, a renda rondou os 200 euros mensais a cada.
A casa – que dividiam com um rapaz madrileno, uma rapariga porto-riquenha e outra francesa – ficava a meio caminho entre a faculdade, que fica num pólo universitário na zona de Somosaguas, e o centro de Madrid. “Demorávamos cerca de 15, 20 minutos até à faculdade, de transportes públicos, e cerca de 10 minutos até ao centro da cidade, também de transportes”, contou Inês Tavares.
Quanto à própria faculdade, as duas jovens notaram bastante diferenças relativamente à sua de origem. “Parecia existir muito menos formalidades e era fácil sentir que estava num ambiente bem mais descontraído, em que as aulas eram dadas muito diretamente e existiam trabalhos de casa”, referiu Gabriela Baptista. A opinião de Inês é idêntica. “Cada cadeira tem associado um largo número de professores, com respetivos horários diferentes, dos quais os estudantes têm liberdade de escolher. Todas as aulas eram dadas em espanhol, embora existisse sempre uma turma de inglês. Pessoalmente, achei a exigência da Faculdade de Madrid relativamente mais baixa em comparação com a minha faculdade no Porto”, recordou.
Havia muitos estudantes em Erasmus? “Como havia muitas turmas para cada disciplina, acabei por ficar com a noção de que existiam poucos alunos Erasmus na Faculdade. Os que existiam eram maioritariamente portugueses, franceses, alemães e da América Latina”, afirmou Inês. Já Gabriela ficou com uma ideia diferente: “Nas turmas que eu frequentei existiam alguns, lembro-me de uma mexicana, uma italiana e duas ou três alemãs. Na universidade sei que existiam bastantes”.
Deixando a universidade de lado, as duas portuguesas aproveitaram os meses que estiveram em Madrid para conhecer. “O meu dia-a-dia em Erasmus foi muito à base da descoberta da cidade. O horário das aulas era bastante flexível, o que deu para aproveitar imenso para passear, visitar os museus e os principais monumentos e também viajar dentro do país e conhecer outras cidades próximas como Toledo, Valência”, disse Gabriela. O mesmo aconteceu com Inês: “O dia-a-dia em Madrid compreendia aulas, passeio, jantares e saídas. A cidade em si tem imenso a oferecer… Costumo brincar a dizer que Madrid tem tudo, só lhe falta a praia!”.
As jovens adoraram a sua experiência em Erasmus e aconselham Madrid como destino. “Trata-se de uma experiência enriquecedora, pois estabeleci contactos com pessoas de outras nacionalidades e conheci uma outra cultura. Foi interessante ter contacto com outro método de ensino e outra visão acerca da minha área”, afirmou Gabriela. Já Inês deixou alguns conselhos: “Aconselho evitar estar sempre com pessoas portuguesas e tentar conhecer outras nacionalidades. Aproveitar os dias ao máximo, viajar o máximo possível e embrenhar-se na cultura – comida, idioma, ritos, vida diária – do país de chegada”.
“É impossível não sair de lá com saudades”
Da capital espanhola, damos um salto para Santiago da Compostela, onde Diana Pereira, de 21 anos e também aluna da FPCEUP, fez Erasmus na Faculdade de Psicologia da Universidade de Santiago de Compostela. Como as suas colegas, a jovem começou por procurar alojamento na Internet, “nomeadamente em sites recomendados pela própria faculdade e juntando-me a grupos no Facebook de estudantes que iriam de Erasmus para Santiago nesse semestre”.
Escolhida a casa, Diana decidiu ir com os pais, durante o verão, ver o apartamento: “Depois de chegar, apercebi-me de que a casa era bastante longe da minha faculdade. Decidi manter-me lá nas primeiras semanas, enquanto procurava um outro sítio”. O problema foi resolvido e a estudante acabou por ficar num apartamento perto da faculdade, com uma rapariga e um rapaz espanhóis.
A jovem foi sozinha para Santiago de Compostela e a adaptação não foi fácil. “As primeiras duas semanas foram difíceis, porque estava num apartamento longe de tudo, onde vivia com duas polacas que eram muito reservadas. Mas rapidamente as coisas mudaram, principalmente quando mudei de casa”, recordou. Além de se envolver nas atividades da associação para estudantes em Erasmus, Diana conheceu a sua “buddy”, uma estudante da faculdade de destino que serviu como sua “madrinha”, e que foi a “pedra angular” da sua adaptação.
E quanto à faculdade de destino? “As aulas eram dadas em castelhano e em galego, dependendo da preferência dos professores. Enquanto portuguesa, foi uma sorte, porque o castelhano é fácil de perceber e o galego é muito parecido com o português. Em termos de ensino, a maior diferença notada por mim foi a relação entre estudantes e professor, que é bastante mais informal e descontraída do que em Portugal”, afirmou.
Diana não era a única estudante em Santiago de Compostela a fazer Erasmus: “Na minha faculdade, havia alguns Erasmus e eram, na maioria, estudantes na América Latina que vinham ao abrigo do acordo existentes entre esses países e Espanha, dada a partilha da língua. Em toda a cidade haviam, no entanto, muitos Erasmus”.
O seu dia a dia era dividido entre o estudo e o lazer. “Tive muita sorte em conhecer, praticamente desde início, pessoas fantásticas e em fazer amizades verdadeiras, principalmente com espanhóis que estudavam lá e com raparigas inglesas. O meu dia era passado entre a faculdade e as saídas com eles, os cafés, os passeios. Às quintas-feiras saíamos à noite e a festa era fantástica. Em casa, também tinha muito bom ambiente porque vivia com amigos”, recordou a jovem.
Por viver perto da faculdade e sendo Santiago de Compostela uma cidade relativamente pequena, Diana Pereira não usava transportes – “ia-se bem a pé para todo o lado” – e o custo de vida era, segundo a estudante, “bastante equiparável ao de Portugal”. Por um quarto, Diana pagava 140 euros (fora os gastos) e o que gastava em compras de supermercado também era idêntico a Portugal. “O que é um pouco mais caro é, de facto, as atividades de lazer e a restauração”.
A jovem destaca como qualidades da cidade “a diversão, o acolhimento, o ambiente de festa, o facto de ser uma cidade monumental, antiga, com muitos edifícios monumentais e antigos, ruas estreitas e históricas, cafés e bares, muitos jardins e zonas verdes, um ambiente extremamente estudantil e jovem, com pessoas simpáticas e respeitadoras”. Como desvantagens, apontou: “É difícil! Talvez o facto de ser uma cidade pequenina que, em poucos dias, se pode ver na totalidade. E a chuva. Meu deus, a chuva! Em Santiago não pára de chover. Nunca. Nem mesmo no Verão”.
No entanto, a estudante aconselha “a 100 por cento” ir para Santiago fazer Erasmus: “É impossível não sair de lá com saudades. Recordo cada recanto da cidade com carinho, repleto de memórias”. Sobre a experiência de Erasmus, disse: “Foi a melhor experiência da minha vida. Um crescimento pessoal. O encontrar de pessoas inesquecíveis. O viver tudo a 100 por cento. Não é um ano da tua vida. É a tua vida toda num ano”.
“A experiência é mais do que positiva”
A última paragem neste “roteiro” de Erasmus por Espanha é em Múrcia. Foi nesta cidade que Sílvia Mourão, de 23 anos, e Andreia Silva, de 21, estiveram a estudar. As duas amigas, alunas de Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social do Porto, fizeram o programa de mobilidade na Faculdade de Trabalho Social da Universidade de Múrcia.
Também elas começaram por procurar alojamento ainda em Portugal e encontraram no Facebook uma página chamada “Instituto Hispânico de Múrcia” que foi muito útil. “Eu e a minha colega queríamos alugar uma casa só para as duas. Como não encontramos nenhuma a um preço e em condições que nos agradassem, partilhámos casa com uma argentina e uma búlgara. O preço foi bastante acessível e vivíamos mesmo no centro da cidade”, referiu Sílvia. “Era muito próxima do centro – a três minutos -, no entanto, tinha que ir de transportes para a faculdade, mas a casa também era relativamente perto da “tranvia” que corresponde ao metro de cá”, acrescentou Andreia. O passe mensal com viagens ilimitadas era de 20 euros.
Quanto à faculdade de destino, as aulas eram dadas em espanhol. Para Sílvia, “a universidade era muito mais moderna em termos de equipamentos” do que a portuguesa. Já para Andreia, o facto da faculdade ser bastante maior do que a sua de origem tinha uma desvantagem: “Não existia muita ligação entre alunos e professores”. Estudantes em Erasmus eram cerca de 500, maioritariamente provenientes de Itália.
O custo de vida, dizem, era “muito parecido” com Portugal. “As saídas à noite eram muito mais acessíveis e tínhamos muitas mais-valias por sermos estudantes de Erasmus. O resto muito equivalente”, referiu Andreia. A opinião de Sílvia era idêntica. Ambas as estudantes aconselham Múrcia como destino Erasmus. “A cidade não é grande, o que significa que se pode passear sem precisar de transportes. Eu só precisava de metro para ir para a faculdade”, explicou Sílvia.
A experiência foi boa para as duas. “Aprendi bastante relativamente a contributos teóricos do meu curso. O estágio que nos foi proposto também foi bastante enriquecedor. A experiência é mais que positiva. Aprofundar uma nova língua, conhecer e lidar com várias culturas, estar longe de casa mas fortalecer outras amizades foi das melhores coisas. Se o tempo voltasse atrás, faria tudo outra vez”, disse Andreia. Sílvia complementou: “A experiência de Erasmus acho que é bastante gratificante, pois conheci uma cultura que, apesar de não ser muito diferente da nossa, tem os seus hábitos e costumes específicos. Mas o melhor que trouxe comigo foi as pessoas que tive oportunidade de conhecer”.
16/07/2015