Erasmus: conhece a história de dois estudantes portugueses em Atenas

O Tiago e a Teresa têm  em comum as boas recordações do que viveram na Grécia enquanto faziam Erasmus. Os pontos positivos da experiência são consensuais: O contacto com pessoas novas e diferentes, todos os dias, a possibilidade de viver numa cidade no centro das convulsões europeias, o clima, a gastronomia e a cultura da Grécia. Lembrando ainda a disponibilidade para viajar, a existência de associações de integração dos estudantes em intercâmbio e, claro, o tempo livre.

O Tiago é de Gondomar e tem 23 anos. A experiência não se pode comparar à da Teresa uma vez que foi para Atenas inserido no programa Erasmus  Placement -o que significa que fez um estágio curricular no estrangeiro, mais precisamente na E-Travel, uma agência de Viagens online que actua sobre o nome Pamediakopes.gr.

Estava no segundo ano de Gestão da Universidade Católica Portuguesa, quando em 2013, com 22 anos, decidiu mandar-se sozinho para uma das  capitais europeias mais politicamente atribuladas dos últimos anos.

Embora tivesse preferido procurar casa no local, por questões de “timming” teve de encontrar casa através da internet. Deparou-se com o extraordinário mundo de quem vive sozinho num t1 e “sem máquina de lavar a roupa(!)”. A renda ficava-se pelos 275€ com despesas incluídas e como quem mora sozinho repara em pormenores que antes não notava com tanta precisão, lembra-se, por exemplo, que uma cerveja de 0,5 cl custava 1,5€. Numa esplanada ou café de rua o café custava 1€ e uma Coca-cola à volta de 2€. Uma bebida num bar nocturno custava entre 4 a 8€. Em termos gerais achou Atenas  mais barata que Portugal, sobretudo rendas, preço médio por pessoa em restaurantes, ginásio, vida nocturna, museus… Mas em termos de preços dos bens de consumo, por exemplo supermercado, achou um pouco mais caro sendo que “em média tendiam para o dobro dos preços em Portugal e era difícil encontrar hipermercados”.

A Teresa hoje tem 25 anos mas tinha 21 quando se aventurou pelas agitadas ruas de Atenas. Natural do Porto, é jornalista e acha que ter feito Erasmus não é normalmente valorizado em entrevistas de emprego embora o facto de ter vivido numa das cidades mais mediatizadas desperte o interesse de alguns dos possíveis empregadores. Encontrar casa para o semestre de inverno foi relativamente fácil. Através da organização “Stay in Athens” escolheu um quarto que pagou adiantado. O prédio estava muito bem localizado na rua “Asimaki Fotila”, que garante ser “super central”. Demorava cerca de vinte minutos mas ia sempre a pé para a faculdade (Communication and Media Studies, National and Kapodistrian University of Athens).

Cada um com o seu quarto, partilhava casa com um rapaz esloveno, pagando assim 300 euros de arrendamento com despesas incluídas. O apartamento estava inserido numa residência Erasmus, com cerca de 20 estudantes de diferentes nacionalidades.

A Teresa confirma que uma cerveja num quiosque de rua custava 1,50€ e diz que o custo de vida era ligeiramente mais caro que o de Portugal. Comparando com outras cidades europeias como Londres ou Paris, para a Teresa Atenas é desorganizada – “tem mais trânsito, greves de transportes, cães na rua, lixo, sem-abrigo, etc.” Mas se a compararmos com outras metrópoles mundiais como por exemplo São Paulo, onde também viveu, “Atenas é um verdadeiro paraíso”.
No que diz respeito a bolsa sim, recebeu, cerca de 350 euros mensais, “era insuficiente”. Contou-nos que ter-lhe-ia chegado para pagar a renda e pouco mais. Se não tivesse tido apoio financeiro da família, não teria tido possibilidade de fazer Erasmus, “a menos que arranjasse um trabalho em Atenas”.

Quis desde sempre ir para esta aventura sozinha e por isso quando deu de caras com a realidade da faculdade, teve de o fazer sem ombros amigos.  “Quando fui à faculdade de destino informar-me sobre o meu horário, conclui que o meu plano de equivalências, aprovado em Portugal, tinha sido feito com base em cadeiras que já não existiam. Tive que rever a descrição das cadeiras disponíveis na faculdade de destino e alterar o plano inicial. Não sei se a culpa foi da universidade de origem ou de destino mas, de qualquer modo, penso que este tipo de situação é recorrente em Erasmus.“

Felizmente, a comunicação com a faculdade de origem (Faculdade de Letras da UP) foi sempre muito fácil e, depois de feito o novo plano de equivalências, a Teresa não teve muitos mais problemas.

Mas o que é certo é que sentiu que a faculdade não estava preparada para a receber :nenhuma cadeira era dada em inglês, só em grego, e por isso disseram-lhe para não participar nas aulas. Foi avaliada por trabalhos finais em inglês e teve algumas reuniões com os professores durante o semestre.

De lado os problemas académicos, a verdade é que conheceu imensas pessoas novas e o morar mesmo no centro de Atenas, tornou possível uma verdadeira vivência da cidade. Vivia “na fronteira de um bairro de anarquistas onde a polícia não podia entrar”, numa altura de enorme mediatização da crise grega e de “intensíssima” actividade anarquista, greves e protestos. “Vivi a cidade, sim, tive a oportunidade de assistir a tudo isso de muito perto”. A Teresa tem saudades do semestre que viveu em Atenas e ainda hoje sonha em um dia voltar a viver na capital Grega.

Antes de se mandarem a Teresa deixa-vos uma dica: “ tirem máximo partido dessa possibilidade. Desliguem de Portugal. Escolham uma cidade exótica, da qual não tenham qualquer tipo de referência. Vão sozinhos, porque é a única forma de se obrigarem a ser totalmente independentes. Tentem não estar sempre com portugueses, porque para isso têm Portugal até ao resto da vida. E divirtam-se! Aproveitem, porque a vida de estudante não dura para sempre!”

Para comparares o custo de vida de Atenas e da tua cidade basta consultar este site.

02/03/2015