Antes, Agora e Depois?

Costuma- se atribuir uma conotação ligeiramente negativa, triste e enfadonha ao ‘último’. O último momento, o último abraço, a última conversa. Mas não. ‘ O último’ é aquele que estabelece a ponte entre o antes e o depois. Entre o fim e o início, possibilitando a verdadeira existência deste último que, por si só, é recomeço. Sem último não haveria o Depois, que é o a seguir que no antes nunca queres, mas devias.

Depois é a luta que se segue ao presente, onde, aqui, ouvem-se vozes da teimosia, do diabo branco e do anjo vermelho. Dizem uma ao outro que para lá chegar, ao depois, quase não tens caminho, duvidando da sua existência. Dizem-no em boatos, manifestos e empunhando cartazes com graves reclamações e ofensas que o Depois é promessa eleitoral. É utopia. É o horizonte colorido que falseia o terra a terra. ‘Ah – fica para depois’; ‘Depois, logo se vê’; ‘Depois da despedida, foi tão triste’; ‘Depois da tempestade, vem a bonança’. Por seu lado, o Antes, no seu presente, nunca de lá quer sair, pese embora, passado do Agora manifestamente vaidoso que construiu. O Antes é comodista e um quiçá, preguiçoso. E por isso, o Agora, é que tem peso. E nós todos, queremos só o Agora, vislumbrando o Depois, mas essencialmente o Antes. Queremos o Agora e ponto final.

Queremos um emprego, porque no antes o merecemos e para depois já pode ser tarde; Agora queremos um abraço; Agora queremos dar um abraço; Agora queremos sonhos; Agora queremos emoção. Agora. Hoje. Já. Fazer acontecer. No imediato. E com esta emoção construímos, o nosso antes, redefinimos o que já foi, moldamos o que é e auspiciamos o que será.

E a Isto chamo de tempo: uma envolvência que na verdade nunca se conquistou e que se pergunta a si próprio ‘sobre o tempo que tem’; que se perdoa e vai perdoando, no melhor jogo da vida. O do antes, o do agora e do Depois. E Agora? Até já!

Texto e foto por Tânia Arêdes Lima

20/02/2014