A minha ‘cunha’ é maior que a tua

Há algum tempo vinha amadurecendo a ideia de escrever sobre a ‘cunha’. Antes de mergulhar em apreciações e observações sobre o universo disruptivo do conceito da ‘cunha’, tentei primeiro descobrir qual a sua definição formal.

No dicionário online da priberam, ‘cunha’ vem definida como ‘Empenho ou recomendação de pessoa importante ou influente’.

Nos dias que correm, a ‘cunha’ irrompe nos discursos inflamados sempre que vemos publicados anúncios de emprego de variada ordem, especialmente quando surgem vagas de emprego público.

A imagem pública deste governo e os casos de corrupção descobertos recentemente, ajudam a esta festa de discursos, onde a imagem da ‘cunha’ e da corrupção se misturam numa só.

Mas pergunto, o que é verdadeiramente a cunha? O que distingue a velha ‘cunha’ de uma referência? O que distingue o conceito de ‘arranjar uma cunha’ ao filho do Sr. Alberto que é tão bom rapaz, do conceito de referenciar alguém que conhecemos bem para um cargo que entendemos certo para essa pessoa?

Para mim, ‘cunha’ será sempre uma atitude dotada de pouca inteligência por quem a toma. A ‘cunha’ é o parente pobre da referência, pois o que está na sua base é o poder ou vantagem do acesso a algo por quem a toma, e não as competências da pessoa em questão.

Serias capaz de referenciar alguém que sabes que pode vir a deixar-te mal visto? Penso que não.

É aqui que as ‘cunhas’ estão feridas de morte e acabam por dar uma imagem negativa ao conceito de referenciação.

Quanto mais pessoas conhecermos, quantas mais conhecerem o nosso perfil de competências, mais hipóteses temos de conseguir o acesso a alguma posição que de outra forma não seria possível. O networking é uma peça-chave neste puzzle.

Se recomendo pessoas? Claro que sim. Quando sei que todos os intervenientes ganham com isso no curto, médio e (possivelmente) no longo prazo.

03/12/2014